O FILHO MORTO
No povo d'além da serra
Vai a noite em mais de meio,
E a pobre mãe velava
Unindo o filhinho ao seio.
«Acorda, meu filho, acorda,
«Que esse dormir, não é teu;
«E como o sono da morte
«O sono que a ti desceu.
«Tarda-me já um sorriso
«Nos teus lábios de rubim;
«Acorda, meu filho, acorda,
«Sorri-te ledo pra mim.»
Mas o infante moribundo
Em seu regaço expirou;
E a mãe o cobriu de beijos,
E largo tempo chorou.
Em seu pequeno jazigo
Dois dias chorou também;
Ao terceiro o sino triste
Dobrou à morte dalguém.
E à noite no cemitério
Outro jazigo se via:
Era a mãe que ao pé do filho
Na sepultura dormia.
Soares de Passos
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