Spleen
Tenho mais recordações que se tivesse mil anos
Enorme papeleira atulhada de planos,
Notas, versos de amor, processo e cartões,
Madeixas cor de lua atrás de quitações
Menos segredos tem que o meu cérebro triste.
Pirâmide afinal, ou carneiro em que existe
Mais mortos do que na vala comum- há rua
Eu sou um cemitério odiado pela lua,
Onde arrasto, assim como os remorsos, os versos
Sempre irritados contra os meus mortos diversos.
Sou velho camarim em que um buquê decora.
E em que estão a jazir figurinos de outrora,
Em que um vago Boucher e algum pastel magoado
sós, respiram odor de um frasco destampado
Nada iguale a extensão destes dias tão mancos
Quando, sob florações graves dos tempos brancos,
O tédio, fruto de norma incuriosidade,
Assume as proporções da imortalidade.
- Agora não é mais, pobre matéria vivo,
Que um granito de que vago susto deriva,
Dormindo num saara o seu sono profundo!
Esfinge milenar ignorado do mundo,
Esquecida no mapa, e cujo estranho humor
Sabe apenas cantar aos raios do sol a se põr.
Começaremos pelo titulo "Spleen" que é o termo inglês que traduz o tédio, o desencanto, a insatisfação e a melancolia diante da vida. (significa literalmente Baço).
1º verso: O poeta aqui faz menção a diversas coisas como" papelaria atulhada, planos, notas, versos de amor, processos e cartões" para compara-las com seu sentimento triste, ele diz que todas essas coisas são mais fácil de entender, tem menos segredos que o coração triste dele, sua mente triste.
2º verso: Baudelaire deixa claro as dores de sua alma, comparando-se a um cemitério, um morto abandonado por Deus ou deusa já que ele se refere a lua (deusa grega Arthemis Diana). Cita os remorsos que guarda em seu interior, suas aflições contra as dores interiores que ele não consegue repelir, as lembranças amargas.
3º verso: Boucher ( traduzido do Francês para açougueiro), quem em sua plena consciência se põe em deleito de sofrer por remorso de ações que cometera outrora, está "respirando o odor de um frasco destampado" ou seja remoendo-se culpando-se por algo que já está feito que não tem mais volta.
4º verso: Os dia passam lentamente, o tédio o consome é eterno, a situação agonizante em que se encontra é imortal, eterna não irá passar.
Quando estamos em uma situação difícil parece ser eterna, as horas não passam e o sofrimento permanece.
sentimos que já não há mais solução não tem mais saída.
5º verso: "agora não és mais, pobre matéria vivo"
Já não pode mais viver, seu corpo e sua mente derivam agora na escuridão, dormindo em seu sono profundo. Esta acabado ele morre.
6º verso: Ele prefere as sombras, alheio ao mundo ele admira o noturno. vê a beleza apenas no cair da noite, eternamente esquecido vagará assim no seu mundo melancólico e sombrio com seus fantasmas a atrapalharem seu sono.
Bocage descreve aqui um homem que sofre uma profunda depressão, melancólico por não conseguir ver sentido no mundo em que vive, prende-se ao obscuro onde acredita ser seu lugar, onde sente-se a vontade.
um homem que sofre por remorso, sente o peso da culpa e não sabe o que fazer para tirar estas lembranças de sua mente, uma homem cujo crime foi tão grande que causa dentro de si um martírio numa tentativa desesperada de reverter as lembranças.
By: Lola Gillian
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