O Heautontimorumenos
Sem cólera hei de te atacar
Como um Carniceiro e sem Ódio!
Como fez Moisés no episódio
Do rochedo- E de teu olhar,
Há de beber o meu Saara,
A água do sofrimento mansa.
Meu sonho cheio de esperança
No teu pranto como nadara!
Como uma nave que ao mar larga,
E em meu ébrio coração
Teus soluços ressoarão
Como um tambor rufando á carga!
Pois eu não sou um falso acorde
Nesta divina sinfonia,
Graça á voraz ironia
Que me sacode e me morde?
Ela em minha voz vocifera!
Todo o meu sangue é este veneno!
Eu sou espelho tão terreno
Em que se contempla a megera!
Eu sou a chaga e o punhal!
Eu sou o rosto e a bofetada!
A roda e a carne lacerada,
Carrasco e vítima afinal.
Sou vampiro do meu coração,
- Um desses mais abandonados
Ao riso eterno condenados
E que nunca mais sorrirão!
Charles Baudelaire
O nome do poema Heautontimorumenos é o termo grego que indica " verdugo de si mesmo" ou seja alguém que aflinge a si, machuca e causa dores a si mesmo, um carrasco de si.
1º verso: "sem cólera hei de te atacar"
Sem exitar, ele ira aflingir sem medo, sem receio, ele machucara, ele causara dor. Porque é necessário faz menção a passagem bilbica onde Moisés recebe as ordens de Deus para matar seu filho, e ele leva-o até o rochedo e obedece as ordens, porém antes dele mata-lo o anjo vem repreende-lo.
desta forma ele retrata que irá causar o mal porque é preciso.
2º verso: Ele fará derramar prantos, pois o sonho que um dia tivera não há de se realizar.
Na ultima e na penúltima frase ele dá a entender que o sonho que ele possui faz alguém nadar num oceano de lágrimas ou seja faz alguém sofrer.
3º verso: No seu coração ouvirei os soluços do teu choro agonizante.
mesmo causando imensa dor ele ouvia o choro nos detalhes como que apreciando.
4º verso: Aqui deixa claro que cumprira o que fala porque não é falso.
Ironia a menção de ironia é devido ao fato de que tudo que ele está falando que vai fazer ele fará consigo mesmo, Ele não fugirá de seu destino porque sabe que é preciso.
5º verso: se deprava, xinga a si mesmo, diz que em seu sangue jorra veneno.
6º verso: Aqui finalmente nós faz entender melhor o que ele quer dizer. Ele é o mal por isso faz mal, é como se ele julga-se a si mesmo como o mal encarnado e sem poder fugir de quem é faz o mal a outras pessoas e isso o deixa com remorso, sofre por causar dor aos outros.
7º verso: Admite aqui ser um vampiro que suga seu próprio coração.
Este poema me faz recordar a historia do livro entrevista com o vampiro de Anne Rice, onde o vampiro passa toda sua miserável vida reclamando e lamentando por ser uma criatura das tervas, amaldiçoado por não poder viver, por trazer a morte por onde passa.
Este poema é excepcional, o autor descreve a dor interior de alguém que acredita ter uma natureza cruel, alguém que sabe que por mais que ache terrível a maldade que causa nos outros é inevitável que a faça, e por esse peso com este pensamento cruel ele precisa dar um fim em si mesmo, acabando assim com o mal.
By: Lola Gillian
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